A tarde da última quinta-feira (10), no Parque Nacional da Serra Geral, em Cambará do Sul (RS), foi marcada por uma tragédia que comoveu o país. Uma menina de 11 anos, natural de Curitiba (PR), perdeu a vida após cair de uma altura de aproximadamente 70 metros no Cânion Fortaleza, um dos cartões-postais mais visitados da região Sul do Brasil. A criança estava acompanhada dos pais e dois irmãos quando o acidente aconteceu.
De acordo com informações oficiais, a família fazia uma pausa para lanche em um dos bancos de descanso próximos ao mirante, por volta das 13h40, quando a menina, que tinha diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), se desvencilhou dos pais e correu em direção à borda do cânion. Em uma tentativa desesperada de evitar a tragédia, o pai ainda correu atrás da filha, mas não conseguiu impedi-la de cair no abismo.
As buscas mobilizaram uma grande operação de resgate, que incluiu bombeiros de diversas cidades, como Canela, Gramado, Caxias do Sul e Porto Alegre, além de equipes do Samu, Polícia Civil, Brigada Militar, helicópteros, drones com câmera térmica e uma estrutura de iluminação especial, viabilizada com gerador e conexão via satélite. Por volta das 17h30, o corpo foi localizado por um drone, em um ponto de difícil acesso, cerca de 70 metros abaixo do mirante.
A retirada do corpo exigiu técnicas de rapel e só foi possível horas depois, já durante a noite. Às 22h55 os bombeiros conseguiram alcançar a menina, e às 23h38 a morte foi oficialmente confirmada. A operação durou cerca de 10 horas, marcada por comoção e empenho extremo das equipes envolvidas.
Em nota, o Corpo de Bombeiros expressou profundo pesar pela tragédia, destacando a dor da perda e oferecendo solidariedade à família. “Neste momento de luto e consternação, nos solidarizamos com os familiares, amigos e toda a comunidade atingida por essa perda irreparável. Que encontrem na fé a força para suportar a dor da ausência”, dizia o comunicado oficial.
A Urbia, concessionária responsável pela administração do Parque Nacional da Serra Geral, anunciou que o acesso ao Cânion Fortaleza permaneceria fechado nesta sexta-feira (11), em sinal de luto e respeito à vítima. Autoridades locais também lamentaram o ocorrido. O secretário de Turismo de Cambará do Sul, Andrews Mohr, classificou o acidente como uma fatalidade e disse que o momento exige respeito e reflexão.
O Cânion Fortaleza é um dos maiores do Brasil, com cerca de 7,5 quilômetros de extensão e profundidade de até 900 metros. Seu mirante principal é um dos locais mais procurados pelos visitantes devido à vista panorâmica da serra. No entanto, a tragédia reacendeu o debate sobre a segurança desses locais, que muitas vezes não contam com barreiras físicas, mesmo em áreas com risco iminente de queda.
Apesar de o parque contar com sinalizações e a presença de bombeiros civis, especialistas vêm cobrando medidas mais efetivas para a proteção dos visitantes, sobretudo de crianças e pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade. A falta de proteção física nos pontos de observação mais perigosos pode representar riscos significativos, como evidenciado por esse episódio.
O governo do Rio Grande do Sul, por meio do governador Eduardo Leite, também se manifestou, prestando solidariedade à família e destacando o trabalho das equipes de resgate. A prefeitura de Cambará do Sul ofereceu apoio psicológico aos familiares da vítima.