
Durante visita oficial a Washington, senadores brasileiros foram alertados por congressistas norte-americanos sobre a possibilidade de o Brasil enfrentar uma nova crise econômica nos próximos três meses. O motivo? Um projeto de lei bipartidário, em tramitação no Congresso dos Estados Unidos, que prevê sanções automáticas a países que mantêm relações comerciais com a Rússia, o que inclui o Brasil, especialmente por sua dependência de fertilizantes russos.
Alerta direto do Congresso dos EUA
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), que integrou a missão parlamentar nos EUA, destacou a gravidade do aviso recebido:
“Há outra crise pior que pode nos atingir em 90 dias. Tanto republicanos como democratas foram firmes em dizer que vão criar uma lei para aplicar sanções automáticas para todos os países que negociam com a Rússia.”
Segundo ele, a legislação em questão não dependeria de um decreto presidencial, como foi o caso das tarifas impostas recentemente por Donald Trump, mas sim de uma lei com apoio dos dois partidos americanos.
Fertilizantes na mira
Atualmente, o Brasil importa cerca de 30% dos fertilizantes que consome da Rússia. A preocupação dos norte-americanos é que esse comércio favoreça, indiretamente, o financiamento da guerra na Ucrânia. Jaques Wagner (PT‑BA), líder do governo no Senado, reconheceu essa dependência e alertou para o impacto imediato que sanções nessa área trariam ao agronegócio brasileiro, uma das principais bases da economia nacional.
Objetivo da missão em Washington
O grupo de oito senadores participou de uma série de reuniões com parlamentares dos EUA, incluindo nomes como Tim Kaine, Ed Markey e Thom Tillis. A visita, embora sem caráter oficial de negociação, buscava abrir canais de diálogo e reduzir a tensão bilateral após o tarifaço anunciado por Trump. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD‑MS), avaliou que o contato foi positivo:
“Conseguimos abrir canal de conversa, tanto do lado republicano quanto do lado democrata. Essa história está só começando.”
Lula disposto ao diálogo, mas com condições
Sobre uma possível viagem de Lula aos Estados Unidos para discutir o tema com Donald Trump, Jaques Wagner afirmou que o presidente está aberto ao diálogo, mas com ressalvas:
“Lula está disposto a conversar, mas não sobre o Judiciário. E qualquer visita precisa ser bem construída, não pode ser improvisada.”
Uma crise a caminho?
Além do impacto das tarifas de importação de 50% que entram em vigor em 1º de agosto, a nova possível legislação americana impõe um risco ainda maior. Já há precedentes: a Índia, por exemplo, foi punida com sanções similares recentemente. Caso a nova lei seja aprovada dentro dos 90 dias previstos, o Brasil pode se ver pressionado a rever sua política comercial com a Rússia — ou arcar com mais consequências econômicas.